Empresas usam resíduos agrícolas para produzir PET
Iniciativas ainda são alvo de dúvidas e controvérsias; presidente da Associação Brasileira da Indústria do PET diz que desconhece a patente
30 de março de 2011
A Pepsico anunciou recentemente ter conseguido produzir uma garrafa apenas com resíduos agrícolas, como cascas de pinheiro, laranja e batata. Em 2012, a empresa colocará a embalagem experimentalmente no mercado, num projeto-piloto. Depois, a ideia é expandir o seu uso. Desde o ano passado, a Coca-Cola produz a "plant bottle" (garrafa vegetal, em tradução livre) - embalagem feita com até 30% de cana-de-açúcar.
Nos dois casos, a boa notícia é a substituição de uma fonte não renovável - o petróleo - por outra renovável na produção do PET (sigla para politereftalato de etileno).
A demanda por PET só cresce no País. De 1994 até 2010, o aumento chegou a 525% - no último ano foram produzidas 500 mil toneladas.
Mas as iniciativas ainda são controversas. Até mesmo o presidente da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), Auri Marçon, tem dúvidas.
Ele louva a iniciativa das empresas em pesquisar matérias-primas mais sustentáveis, mas faz ressalvas. Diz não conhecer "o pulo do gato" que permitiu à Pepsico fazer uma garrafa apenas com resíduos agrícolas. "Tentei inúmeros caminhos e não consegui descobrir a rota. Os cientistas do setor de PET desconhecem a rota química ou a patente que tenha sido adotada e dizem que isso é um desafio extraordinariamente difícil", afirmou Marçon.
Para ele, é preciso ter cuidado ao falar de um produto "que ainda não está na mão". "Respeito, porque é empresa de renome, mas gostaria de entender melhor como fizeram." O Estado solicitou entrevista à Pepsico, mas ela não foi concedida.
Dificuldades técnicas. O plástico PET é produzido a partir da reação química de dois componentes: MEG (monoetileno glicol), responsável por cerca de 30% de seu peso, e o PTA (ácido politereftálico), responsável pelos 70% restantes.
Segundo a Coca-Cola, "atualmente, podemos produzir em escala industrial o MEG a partir de origem vegetal". A empresa diz, porém, que trabalha "para desenvolver o outro componente, o PTA, também a partir de fonte vegetal renovável". Mas não há previsão de quando o objetivo será alcançado.
Marçon mostra uma incongruência no caso da Coca-Cola. Ele explica que o resíduo da cana é mandado do Brasil para a Índia, onde está parte da matéria-prima, para produzir o MEG. A resina PET é fabricada no país asiático e depois volta para o Brasil para embalar o refrigerante.
"Se for levar em consideração essa equação logística, provavelmente não há um equilíbrio ambiental, não é viável em termos de meio ambiente. Porque vai transportar o líquido lá para a Ásia, olha a emissão que se tem de combustível de navio", avalia o presidente da Abipet. Mas ele também afirma que, no futuro, esse conceito pode trazer bons resultados.
Distribuição. A plant bottle da Coca ainda hoje é comercializada no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Belo Horizonte, em Curitiba, no Recife e em Porto Alegre.
O processo é usado para produzir embalagens de 500 ml e 600 ml - mas ainda não atingiu o total fabricado dessas garrafas. A empresa não informou, porém, quanto do total produzido hoje é de plant bottle. Segundo a assessoria de imprensa da Coca, a meta da empresa "é que, até 2014, todos os seus produtos comercializados em embalagens PET sejam em plant bottle".
Crítica AURI MARÇON/PRESIDENTE DA ABIPET
"Eu vejo com bons olhos que empresas bem conceituadas no mercado estejam dedicando energia e pesquisando esse novo caminho. Mas é preciso ter cuidado para fazer propaganda de uma coisa que ainda não está na mão."
CRONOLOGIA
1941Invenção
A primeira amostra da resina foi desenvolvida pelos ingleses Whinfield e Dickson.
O poliéster se apresentou como um substituto para o algodão e passou a ser usado na indústria têxtil.
1962 Pneus
O material foi útil no período pós-guerra, quando os campos agrícolas estavam destruídos. Na década de 1960, o poliéster passou a ser usado na indústria de pneus, comprovando sua resistência mecânica.
1970Embalagens
No início da década de 1970, surgiram as primeiras embalagens de PET nos Estados Unidos. Logo depois, elas apareceram também no continente europeu.
1988Brasil
O PET chegou ao Brasil somente em 1988. Aqui, o material seguiu uma trajetória semelhante à do resto do mundo, sendo utilizado primeiramente na indústria têxtil.
1993Refrigerantes
Apenas a partir de 1993 o PET passou a ter forte expressão no mercado de embalagens, principalmente para os refrigerantes. Hoje, embala também água mineral, óleo de cozinha, sucos e outros.
LINK:
http://sosriosdobrasil.blogspot.com/2011/03/residuos-agricolas-para-produzir-as.html
Iniciativas ainda são alvo de dúvidas e controvérsias; presidente da Associação Brasileira da Indústria do PET diz que desconhece a patente
30 de março de 2011
A Pepsico anunciou recentemente ter conseguido produzir uma garrafa apenas com resíduos agrícolas, como cascas de pinheiro, laranja e batata. Em 2012, a empresa colocará a embalagem experimentalmente no mercado, num projeto-piloto. Depois, a ideia é expandir o seu uso. Desde o ano passado, a Coca-Cola produz a "plant bottle" (garrafa vegetal, em tradução livre) - embalagem feita com até 30% de cana-de-açúcar.
Nos dois casos, a boa notícia é a substituição de uma fonte não renovável - o petróleo - por outra renovável na produção do PET (sigla para politereftalato de etileno).
A demanda por PET só cresce no País. De 1994 até 2010, o aumento chegou a 525% - no último ano foram produzidas 500 mil toneladas.
Mas as iniciativas ainda são controversas. Até mesmo o presidente da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), Auri Marçon, tem dúvidas.
Ele louva a iniciativa das empresas em pesquisar matérias-primas mais sustentáveis, mas faz ressalvas. Diz não conhecer "o pulo do gato" que permitiu à Pepsico fazer uma garrafa apenas com resíduos agrícolas. "Tentei inúmeros caminhos e não consegui descobrir a rota. Os cientistas do setor de PET desconhecem a rota química ou a patente que tenha sido adotada e dizem que isso é um desafio extraordinariamente difícil", afirmou Marçon.
Para ele, é preciso ter cuidado ao falar de um produto "que ainda não está na mão". "Respeito, porque é empresa de renome, mas gostaria de entender melhor como fizeram." O Estado solicitou entrevista à Pepsico, mas ela não foi concedida.
Dificuldades técnicas. O plástico PET é produzido a partir da reação química de dois componentes: MEG (monoetileno glicol), responsável por cerca de 30% de seu peso, e o PTA (ácido politereftálico), responsável pelos 70% restantes.
Segundo a Coca-Cola, "atualmente, podemos produzir em escala industrial o MEG a partir de origem vegetal". A empresa diz, porém, que trabalha "para desenvolver o outro componente, o PTA, também a partir de fonte vegetal renovável". Mas não há previsão de quando o objetivo será alcançado.
Marçon mostra uma incongruência no caso da Coca-Cola. Ele explica que o resíduo da cana é mandado do Brasil para a Índia, onde está parte da matéria-prima, para produzir o MEG. A resina PET é fabricada no país asiático e depois volta para o Brasil para embalar o refrigerante.
"Se for levar em consideração essa equação logística, provavelmente não há um equilíbrio ambiental, não é viável em termos de meio ambiente. Porque vai transportar o líquido lá para a Ásia, olha a emissão que se tem de combustível de navio", avalia o presidente da Abipet. Mas ele também afirma que, no futuro, esse conceito pode trazer bons resultados.
Distribuição. A plant bottle da Coca ainda hoje é comercializada no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Belo Horizonte, em Curitiba, no Recife e em Porto Alegre.
O processo é usado para produzir embalagens de 500 ml e 600 ml - mas ainda não atingiu o total fabricado dessas garrafas. A empresa não informou, porém, quanto do total produzido hoje é de plant bottle. Segundo a assessoria de imprensa da Coca, a meta da empresa "é que, até 2014, todos os seus produtos comercializados em embalagens PET sejam em plant bottle".
Crítica AURI MARÇON/PRESIDENTE DA ABIPET
"Eu vejo com bons olhos que empresas bem conceituadas no mercado estejam dedicando energia e pesquisando esse novo caminho. Mas é preciso ter cuidado para fazer propaganda de uma coisa que ainda não está na mão."
CRONOLOGIA
1941Invenção
A primeira amostra da resina foi desenvolvida pelos ingleses Whinfield e Dickson.
O poliéster se apresentou como um substituto para o algodão e passou a ser usado na indústria têxtil.
1962 Pneus
O material foi útil no período pós-guerra, quando os campos agrícolas estavam destruídos. Na década de 1960, o poliéster passou a ser usado na indústria de pneus, comprovando sua resistência mecânica.
1970Embalagens
No início da década de 1970, surgiram as primeiras embalagens de PET nos Estados Unidos. Logo depois, elas apareceram também no continente europeu.
1988Brasil
O PET chegou ao Brasil somente em 1988. Aqui, o material seguiu uma trajetória semelhante à do resto do mundo, sendo utilizado primeiramente na indústria têxtil.
1993Refrigerantes
Apenas a partir de 1993 o PET passou a ter forte expressão no mercado de embalagens, principalmente para os refrigerantes. Hoje, embala também água mineral, óleo de cozinha, sucos e outros.
LINK:
http://sosriosdobrasil.blogspot.com/2011/03/residuos-agricolas-para-produzir-as.html